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Design Gráfico e Literatura_Sesc Bauru


29 abr

E no Sesc Bauru aconteceu mais um workshop “Design Gráfico e Literatura”, de 26 a 29/04/16, ministrado por Wagner Merije

Confira algumas imagens

Saiba mais: http://sescsp.org.br/programacao/90530_DESIGN+GRAFICO+E+LITERATURA                                                                                

Design Gráfico e Literatura: como o design se manifesta na literatura e quais histórias o design dos livros nos contam é um projeto de workshop que trabalha com os eixos de pesquisa, elaboração e compartilhamento de ideias novas.

Busca elucidar a importância e o impacto do design ao longo do tempo nos livros e na leitura, trazendo um histórico de projetos gráficos marcantes nos livros publicados no Brasil (principalmente), como também em publicações estrangeiras.


Público participante
Estudantes, Educadores, Escritores, Designers, outros interessados

Locais
Em escolas, na sala de aula, laboratórios de informática, centros culturais ou espaço de convivência

Carga horária
Dois encontros de três horas cada, totalizando seis horas.
Número de vagas
10 a 20 por oficina
Metodologia
O workshop parte de vivências práticas, com exercícios de análise de conteúdos (livros e catálogos), apropriação de recursos web e mobile, exibição de fotos, vídeos, áudio e texto, que dialogam com a teoria.

Programa

* O design na Ficção: obras de prosa de ficção, poesia, crônicas e biografias

* O design no Ensaio: obras de não ficção, críticas e reflexivas

* O design no Infanto-Juvenil: obras infanto-juvenis, quadrinhos

* O design nos livros técnicos, científicos e outros
Material didático 
* Caderno ou bloco de notas, canetas, lápis
Recursos solicitados às escolas e espaços culturais
Acesso à internet (com fio ou wireless), computadores com acesso à internet, data show, equipamento de sonorização (para exibição dos vídeos e para comunicação com o público)
Proponente

Wagner Merije é poeta, escritor, editor de livros, jornalista, curador, gestor cultural, compositor e diretor artístico do músico Raul de Souza. Tem trabalhos lançados no Brasil e no exterior,. Publicou os livros Cidade em transe (2015), Viagem a Minas Gerais (2013), Torpedos (2012), Mobimento – Educação e Comunicação Mobile (2012) – finalista do Prêmio Jabuti 2013 – e Turnê do Encantamento (2009), dentre outras publicações. Foi curador do Sarau do Memorial, em Belo Horizonte/MG, durante os anos de 2013 a 2015, apresentando mais de 50 poetas. Organiza o “Sarau Suprasensorial”, itinerante. Participa do Sarau Suburbano e coordenou o lançamento da antologia “Poetas do Sarau Suburbano vol. 4”, assinando também o Prefácio. Tem músicas em discos, filmes, séries e programas de TV. Recebeu os prêmios Sesc Sated (2003), Prêmio Tim da Música Brasileira (2005), Rumos Itaú Cultural (2008), Inovação Educativa Fundação Telefônica – OEI (2011), Prêmio da Música Brasileira (2013)­­­­. Em 2014 foi homenageado pelo Salão Nacional de Poesia Psiu Poético. Mantém o site www.merije.com.br

Contatos

wmerije@gmail.com / (11) 9 9821-1330

Saiba mais: www.merije.com.br/livro

 

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Psiu Poético – Ocupação São Paulo


06 mar

Em fevereiro e março o Psiu Poético ocupou São Paulo e realizou uma jornada de eventos literários e de formação:

29/02 – Contextos Literários – Literatura Independente – Sesc Consolação
O curador Aroldo Pereira apresentou a palestra “Salão Nacional de Poesia Psiu Poético – produção de eventos poéticos fora do eixo Rio/São Paulo”. Participou da mesa a escritora Ivana Arruda Leite.

01/03 – Sarau Suburbano Convicto com Psiu Poético

02/03 – Celebração dos 30 anos do Psiu Poético – Casa das Rosas Espaço Haroldo de Campos – Das 19h30 às 22h30 – Avenida Paulista, 37

03/03 – Patuscada Bar e Livraria – Sarau – Das 20h à meia noite – Rua Luís Murat, 40

05/03 – O Autor na Praça recebe Psiu Poético

Poetas e escritores do norte de Minas estiveram presentes no evento, como Karla Celene Campos, Sandra Fonseca, Marlene Bandeira, Andreia Martins, Renilson Durães, Marcio Moraes, Jurandir Barbosa, Aciomar de Oliveira, entre outros, além de poetas e escritores de outras regiões, como Jairo Fará (São João Del Rei), Luis Turiba (Rio de Janeiro), Noélia Ribeiro (Brasília), Ricardo Silvestrin (Rio Grande do Sul), Wagner Merije (MG/SP), Mavot Sirc, Eduardo Lacerda (RS/SP), entre outros.
Em todos esses eventos houveram lançamentos de livros dos participantes.

Em outubro o Psiu Poético passará por uma de suas maiores edições. Grandes nomes da poesia brasileira estarão presentes em Montes Claros. Muitas surpresas aguardam a 30º Edição do mais longínquo festival de poesia do Brasil.

E em breve será lançado o livro “Trinta Anos Luz – Poetas Celebram 30 Anos de Psiu Poético”, com participação de poetas de vários estados do Brasil.

Mais informações

www.aquarelabrasileira.com.br/psiu-poetico-30-anos-celebrando-a-poesia

www.psiupoetico.com.br

Entrevistas, fotos: psiupoetico@gmail.com ou faleaquarela@gmail.com

Fone: (11) 9 9821-1330

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Boas ideias na Feira do Livro de Caxias do Sul


21 out

Oficina Torpedos_Caxias do Sul 2015

Caxias do Sul é uma terra de gente forte, bonita, acolhedora, de escritores e cheios de brioe qualidades, de forte comunicação com o público leitor. Graças, em parte à Feira do Livro, que este ano chegou à sua 31ª edição, ao Entrelinhas – Festival Literário e Cultural, quem em 2015 realizou sua segunda edição, ao talento natural de seu povo e a movimentação econômica cultural da segunda cidade do estado do Rio Grande do Sul.
Em lugares assim as ideias fervilham, as conspirações acontecem, a cultura tem valor na formação do povo e o molho ferve.
Para o poeta e escritor Wagner Merije, que participou pela primeira vez da Feira, foi uma oportunidade de aprendizado e compartilhamento de conhecimentos.
O lançamento do novo livro “Cidade em transe” foi um encontro com novos leitores e formadores de opinião. Merije também ministrou a oficina “Torpedos – Literatura na ponta dos dedos” para mediadoras de leituras nas bibliotecas comunitárias, uma turma animada e cheia de amor pelos livros e pelos leitores.
A programação contou ainda com shows, como o do fenomenal Borghettinho.
Viva o Brasil! Viva o povo do Rio Grande do Sul!
Que novas oportunidades de encontrar as raízes da cultura brasileira venham!!!

Confira algumas fotos

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FliBonito, o Mato Grosso do Sul e o vôo das palavras


14 jul

O Brasil precisa de educação. O Brasil é grande e bonito. Quando se junta a educação com a literatura, então a gente descobre que a grandeza do Brasil é ainda maior.

E se você quer conhecer esse Brasilzão, precisa conhecer mesmo, precisa conhecer Bonito, no Mato Grosso do Sul.

FliBonito_Manoel de Barros

“No descomeço era o verbo.
Só depois é que veio o delírio do verbo.
O delírio do verbo estava no começo, lá onde a criança diz:
Eu escuto a cor dos passarinhos.
A criança não sabe que o verbo escutar não funciona para cor, mas para som.
Então se a criança muda a função de um verbo, ele delira.
E pois.
Em poesia que é voz de poeta,
que é a voz de fazer nascimentos –
O verbo tem que pegar delírio.”

(Manoel de Barros, em “O Livro das Ignorãças”)

 

No dia 8 de julho de 2015 foi aberta a 1ª Feira Literária de Bonito (Flib), um evento grandioso em receptividade e marcante para todos os que participaram, público, oficineiros, leitores, autores e artistas de renome regional e nacional.

O homenageado foi e é o poeta Manoel de Barros, que inspirou a temática: “Literatura: o Delírio da Palavra”.

Sob a benção das Piraputangas Rainhas de Bonito, sob o céu incrível do lugar, na inspiração da cabeça de grandes escritores e criadores, com um gole da cachaça local e a música dos espíritos da floresta, o vôo das palavras se tornou profético e amplioso, como diria Manoel.

Bem organizada, bem-vinda e celebrada, “a Flib começa a construir um evento importante no calendário de Bonito, projetando ainda mais o nome da cidade no roteiro turístico do Brasil.” Sem esquecer de envolver, é claro, a sua população local, especialmente os educadores e estudantes, que participaram ativamente.

Foi um belíssimo “momento de atualização e construção do saber, de reflexões e de tomada de consciência.” A programação contou com importantes palestras e mesas-redondas, além de oficinas especialmente pensadas para professores, universitários e alunos do ensino médio, como “Torpedos – literatura na ponta dos dedos”, ministradas por Wagner Merije, entre outras;

atividades lúdicas com crianças dos ensinos infantil e fundamental, integrando literatura e meio ambiente; lançamentos de livros e conversas com os autores; projeção de filmes de curta-metragem; e performances, intervenções, instalações, declamações, teatro e música integrados à literatura. Todas as atividades da Flib foram gratuitas.

Na ocasião, o escritor Wagner Merije fez o lançamento de seu mais recente livro, o romance “Cidade em transe” (Aquarela Brasileira livros).

Foi uma importante oportunidade para valorizar as raízes, tradições e histórias do fértil imaginário do Mato Grosso do Sul, conhecer seus bons escritores e estar próximo de sua gente boa.

Para além das letras e dos livros, Bonito é um lugar para ser descoberto entre a floresta, na beira dos rios onde os peixes boiam como curiosos à beira d’água, nas grutas e na paisagem das estradas que só aquela região tem, nos seus mistérios e fronteiras com o Paraguai e a Bolívia.

Acaba não mundão, que muitas Flibs virão!

 

“Chão de mármore

Um céu infinito

Tinha araras nas árvores

Quando cheguei em Bonito

O meu suor se fez pão e vinho letra destino”

(Wagner Merije)

Acompanhe Flib: www.flibonito.com.br

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Lançamento do 57º Prêmio Jabuti


02 jun

O lançamento do 57º Prêmio Jabuti, promovido pela Câmara Brasileira do Livro, aconteceu dia 1º de junho, no Auditório Ernesto Igel, do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), no Itaim Bibi, em São Paulo.

No evento que contou com a presença de editores, escritores, jornalistas, profissionais do livro, presidentes e representantes de entidades e autoridades, foi anunciado que as inscrições para o Prêmio Jabuti 2015 estão abertas e seguem até 31 de julho.

Wagner Merije, escritor e editor, esteve presente.

jabuti-2015-68

 

 

 

 

 

Marisa Lajolo, curadora do Prêmio Jabuti, contou as novidades para a edição de 2015. Foram inseridas duas novas categorias: Adaptação e Infantil Digital. A primeira consiste em obras adaptadas, por meio de nova redação ou por transformação de textos em imagens, incluindo as histórias em quadrinhos. Já a segunda abrange conteúdos para o público infantil combinados a elementos multimídia interativos. Além disso, as categorias Arquitetura e Urbanismo e Artes e Fotografia foram unificadas, contemplando obras compostas por pesquisas, ensaios e textos profissionais relacionados a tais temas.

Para o presidente da CBL, Luís Antonio Torelli, as mudanças na edição de 2015 têm como propósito manter a premiação atualizada. Inclusive, essa é a base da nossa gestão: ‘mais livros em todos os sentidos’” afirma. “Para continuar sendo referência e ter reconhecimento, devemos atualizar os nossos critérios de avaliação. Afinal, temos mais de 50 anos de história”.

 

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Análise do livro Viagem a Minas Gerais


12 maio

Em outubro de 2014, por ocasião do 28º Salão Nacional de Poesia Psiu Poético, a Unimontes (Universidade Estadual de Montes Claros/MG) convocou alguns de seus alunos do curso de Letras para analisar obras dos poetas que seriam homenageados, entre eles Wagner Merije.
Sob orientação da professora Telma Borges o estudante, poeta e músico Cícero Neto escolheu o livro “Viagem a Minas Gerais”, e fez uma excelente análise.

Cicero Neto recita Viagem a Minas Gerais_Psiu Poético

“Wagner Merije é escritor, jornalista, compositor, e videasta. Reside atualmente em São Paulo, onde está envolvido como projetos multimídia ligados à literatura, música, vídeo, fotografia e arte-educação. Não é por acaso que sua arte é associada a essa interatividade e é conhecida como suprasensorial, despertando a atenção e interesse de crianças, jovens e adultos. Natural de Belo Horizonte, Minas Gerais, Merije têm trabalhos no Brasil e exterior.
É autor dos livros de poesia Viagem a Minas Gerais (2013), Torpedos (2012), Turnê do Encantamento (2009) e Mobimento – Educação e Comunicação Mobile (2012), que trata da apropriação do celular na educação e comunicação e foi finalista do Prêmio Jabuti 2013 na categoria “Educação”. Esses trabalhos foram lançados em diversos eventos, como Bienal do Livro de São Paulo, Balada Literária (SP), Casa das Rosas (SP), WebCurrículo (SP), Psiu Poético (MG), entre outros, e podem ser encontrados em livrarias e espaços culturais e educativos.
Merije também é criador e curador de eventos literários, como “Sarau Suprasensorial”, “Sarau do Memorial Minas Gerais-Vale”, “Sumário Poético” e “Bienal de Poesia de Minas Gerais”, e já participou dos grupos de poesia performática “Tripa de Mico Estrela” e “Panela de Expressão”. Por dois anos foi titular da coluna “Bom de Ler”, na revista BHS, com dicas de leitura.
Como jornalista, trabalhou para veículos no Brasil (Revista Palavra, Rede Minas, TV Horizonte, TV SENAC, O Tempo, Vivo Music Tones, Rádio Inconfidência, Savassi FM) e no exterior (Folha de São Paulo/caderno Folha Ilustrada, Euro Brasil Press, ambos em Londres) e é colaborador de revistas, jornais e sites.
Em paralelo, junto e interfaceando com a literatura, Merije se lança em constantes novas aventuras, pois acredita que toda experiência alimenta a escrita.
Na música lançou os discos autorais “Coletivo Universal” (2004), “Peopleware” (2009), “Se você perder a voz” (2011), “Suprasensorial” (2012). Nele, é proposto a mistura de nossos ritmos com a participação de trinta e dois músicos, entre eles, um dos mestres do trombone brasileiro Raul de Souza, “Liganóis” (2013), o DVD “Feito Durante o Dia” (2013), entre outros trabalhos. (fazer uma associação ao nome artístico “Merije” que é feito durante o dia).
Como roteirista e diretor audiovisual têm vários trabalhos exibidos na internet, em canais de TV e festivais de cinema.
No campo das iniciativas sociais, é idealizador e gestor do projeto cultural e educativo Minha Vida Mobile – MVMob- www.mvmob.com.br, que tem o objetivo de capacitar estudantes e educadores para produzir conteúdo audiovisual com celulares, fazendo do telefone um aliado no processo educacional.

Este trabalho objetiva apresentar o livro Viagem a Minas Gerais, do escritor, educador, jornalista, compositor, poeta e videasta Wagner Merije, na perspectiva de uma etnografia poética. Ao fazer sua travessia pelo estado de Minas, o autor dialoga com as línguas, religiões, tradições, que são transmitidas pelas gerações. Nessa perspectiva, acreditamos que mesmo sendo frutos da formação de várias etnias, conseguimos encontrar um ponto, ou alguns pontos em comum em na formação de povo mineiro, atestando assim nossa mineiridade.
Em Viagem a Minas Gerais, Merije faz uma epopéia contemporânea sobre nossos múltiplos Gerais, nossa identidade única de ser mineiro, povo desconfiado, de fala pouca e olhar sucinto. Com esmero aborda nossas raízes cavadas por diversas tribos e quilombos, facetas que nos compõem e nos faz ser assim, resistentes e bravos como o cerrado que nos envolve. Traz à tona a importância das marcas deixadas pelos nossos ancestrais: a língua, culinária, folclore e religiões. O livro é composto por setenta e oito poemas e o autor, em sua epopéia, atravessa mais de 220 municípios mineiros.
Nossas Minas são muitas e os Gerais vastos: geografia, divisas, fauna, flora, tudo em Minas parece querer falar. Um falar pouco, de voz macia e lenta, e já diziam que o relógio aqui anda mais lento mesmo, numa toada de carro de boi, num fim de tarde que se esvai junto com o cigarro de palha do matuto. Tudo aqui vira poesia, tudo aqui dá prosa na beirada do fogão, e de lá pro terreiro, onde se afina a viola, enquanto isso conta-se um causo, pronto, é folia de reis, é cantoria de fazer inveja, é festa de mineiro.
Índios e negros, com suas tribos e seus quilombos, abriram picadas nesse mundo sem fim, deixando aqui, de forma indelével, com todo seu sofrimento e sangue derramado, uma força desmedida que reverbera de forma aguda na alma do ser mineiro. Essa mesma força, e uso aqui uma expressão criada pelo poeta Merije: “caldo da cultura que eu tanto gosto”, foi o caldo grosso que nos dá um tempero e um sabor sui generis.
Em Viagem a Minas Gerais percebemos a presença de uma etnografia poética suscitada por Wagner Merije, que cumpre, como bom poeta que é, além de tantos outros compromissos com a poesia, o de ser, como diria Ezra Pound, a antena da raça. Antena essa que nos faz enxergar o valor dessas etnias várias em nossa formação, reconhecendo-as e assim, nos fazendo sujeitos entendedores de nosso processo de formação, auxiliando e iluminando essa relação com o outro, com Minas, com o mundo.
João Rosa em Grande Sertão: veredas, dizia que “o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe pra gente é no meio da travessia”. É isso que o autor propõe. De forma audaciosa se embrenha e se move por entre nossas montanhas e cerrados, veredas e sertões, rios e cascatas, degustando o aprazível sabor de nossas quitandas, nossa gastronomia sagrada, num trabalho mágico de travessia poética, nesses vastos cantos de um mundo à parte chamado Minas. Essa obra sugere ao coração o orgulho em ser mineiro.

Consideremos o poema abaixo:

Sentimentos de Minas

Quem conhece Minas
Adquire mesmo sem perceber
Nova cor na retina
Uma emoção algo difícil de dizer

E de repente arde
E vem e fica
Uma latente saudade
Nostalgia física

Nunca mais esquecerás
Tua vida será antes e depois dessas esquinas
Fica no peito, batendo
Um sentimento de Minas

Percebemos como é impactante e transformador esse encontro, por toda carga emblemática que Minas representa. Quem a conhece nunca mais será o mesmo. O uso de metáforas, como por exemplo, “nova cor na retina”, acentua ainda mais o caráter desse encontro tornando-o inesquecível. Minas se transforma num sentimento, algo abstrato e forte, que fica e não vai embora, é incorporado à alma do sujeito, a saudade incomoda, palpita, faz lembrar sempre. Outro ponto a salientar é o fato de aqui em Minas, as esquinas assumem outra identidade, elas possuem outro valor, não são esquinas comuns. O nosso Clube da Esquina, de Beto Guedes, Toninho Horta, Lô Borges, Milton Nascimento, Fernando Brant entre outros, as tornaram mágicas através de harmonias extremamente sofisticadas e letras encantatórias de uma inventividade peculiar, numa construção musical esmerada, que toca a alma sem muito esforço.
Citamos agora, esse poema que demonstra o relacionamento intrínseco que a culinária assume na vida do mineiro:

República do pão de queijo

O cheiro do pão de queijo
Assando
Pode não iniciar uma revolução
Mas deixa o mineiro
De prontidão
Preparado para qualquer guerra
O pão de queijo, uma das iguarias mais emblemáticas da gastronomia mineira (especula-se que a receita exista desde o século XVIII), está representado no poema como uma fonte suprema de energia e disposição (o que o espinafre, por exemplo, representaria pro Popeye) e através dessa energia, se enfrentaria qualquer situação, até mesmo uma guerra. Dessa forma temos um elemento de nossa cultura gastronômica reafirmando nossa mineiridade.

No poema “Tribos de Minas”, Merije utiliza o nome das doze etnias indígenas espalhadas em territórios diferentes dentro do nosso estado, bem como expressões que nomeiam cidades, ruas entre outros lugares, nosso vocabulário. O poeta (re) afirma a profunda participação da cultura indígena em nossa formação, em nosso patrimônio, ao mesmo tempo que como diria Suassuna; “fala do povo para povo”.
Segundo Donizete Rodrigues em seu trabalho “Patrimônio cultural, Memória social e Identidade: uma abordagem antropológica”, património é o conjunto de bens, materiais e imateriais, que são considerados de interesse coletivo, suficientemente relevantes para a perpetuação no tempo. O património faz recordar o passado; é uma manifestação, um testemunho, uma invocação, ou melhor, uma convocação do passado. Tem, portanto, a função de (re) memorar acontecimentos mais importantes.
Na primeira estrofe há uma pergunta de extrema reflexão: “cadê os índios de Minas?” Diante do questionamento, tenta-se encontrar uma justificativa:

Foram pescar e nunca mais voltaram?
Migraram pelo território?
Ou viraram peça de museu?
Cadê? Cadê?

Chega-se a triste conclusão: “Parecem longe, LONGE”. O poema sugere dessa forma uma parcial extinção das tribos que aqui existiram. O que era abundância, hoje se tornou raro. Suscita uma análise crítica sobre nossos antepassados indígenas, colocando em xeque toda estrutura de tratamento para com eles.
Mais abaixo, o eu lírico nos diz:
E de repente percebo que estamos
Em toda parte

Outra (re) afirmação de que a cultura indígena está entranhada em nós, em nossos hábitos, em nossa memória. Estão em todo lugar, nos rodeia de toda forma, são nossos antepassados vivos, lúcidos. Passaram, sofreram, mas deixaram sua cultura.
Finalizando, me apoio no movimento antropofágico de Oswald de Andrade, inaugurado na semana de arte moderna de 1922, o qual era composto por duas vertentes. A primeira se voltava para a produção nacional, ou seja, a cultura indígena, liberação dos instintos e valorização da inocência. A segunda era baseada na proposta de não rejeitar, não refutar o que era oriundo da Europa ou de outros países. Sendo assim, usamos num contexto filosófico o termo alteridade, ou seja, eu respeito, digiro, devoro, me aproprio, me construo na cultura do outro, e assim, me faço humano. Nessa medida, trabalha-se o processo de aceitação do indivíduo, tornando mais aprazível as relações com o próximo, consigo mesmo e com o mundo.
Essa relação fica clara na estrofe abaixo:

Índia Minas
Somos índios em alma, práticas e palavras
Piracema, Pirapora, Piumhi
Sapucaí-Mirim, Paraopeba
A cultura é viva
Mesmo os que já se foram estão vivos
Na memória, o dia-a-dia
Jaboticatubas, Janaúba, Januária

Merije deixa claro que somos frutos de negros, índios, mulatos, caboclos, mamelucos, somos miscigenação, somos caldo da cultura desse povo que nos forma, que nos faz ser assim, unicamente mineiros, unicamente humanos.

Tribos de Minas

Macro-jê
Caiapós, Tupys, Guaranys, Krebaks, Botocudos
Cadê os índios de Minas?
Foram pescar e nunca mais voltaram?
Migraram pelo território?
Ou viraram peça de museu?
Cadê? Cadê?
Parecem longe, LONGE

Chamo, CHAMO por NÓS
Acaiaca, Aimorés, Açucena, Abaeté
Aiuruoca, Almenara, Araçuaí, Araguari
Bambuí, Botumirim
E de repente percebo que estamos
Em toda parte
Jequitinhonha, Joaíma, Juatuba
Machacalis, Manhuaçu, Manhumirim

Minas tem o corpo de índia
A cultura indígena está entranhada
No corpo de Minas
Itabira, Itabirito, Itaúna
Itajubá, Itambé do Mato Dentro
Itapecerica, Igarapé

Minas é uma Indianápolis
Basta ouvir seus sons
Guanhães, Guaraciaba
Guarará, Guaxupé, Gurinhatã

UM TROVÃO . . .
É TUPÃ!!!

Na pajelança os espíritos vão dançar
Junto com Iara e Oxossi também
Resiste Bugre, criado nas Braúnas
Nos Buritis, no Buritizeiro
Irmãos de Caeté, Carapós e puris
Das bandas de Camanducaia, Cambuí
Cambuquira e Carandaí

Índia Minas,
Somos índios em alma, práticas e palavras
Piracema, Pirapora, Piumhi
Sapucaí-Mirim, Paraopeba
A cultura é viva
Mesmo os que já se foram estão vivos
Na memória, no dia-a-dia
Jaboticatubas, Janaúba, Januária

O TROVÃO . . .
É TUPÃ QUE PERGUNTA . . .
E a pergunta ecoa:
Cadê os índios de Minas?
Cadê eu?
Cadê você, irmão brasileiro?
Inimutaba, Ipanema, Ipatinga
Ubá, Ubaporanga, Unaí

Cadê?
ARANÃ, CAXIXÓ, MAXAKALI, PANKARARU
PATAXÓ, MOKURIÑ, XUKURU-KARIRI
XAKRIABÁ, CAFÚ-AWA-ARACHÁS”

Por Cicero NetoDepartamento de LetrasUnimontes

Fica a dica de leitura: “Viagem a Minas Gerais”.
Acompanhe a trajetória do livro aqui: www.merije.com.br/diario/viagem-a-minas-gerais-o-livro

Cicero Neto lê Viagem a Minas Gerais_Psiu Poético_10102014

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