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Ideias Trocadas Novos Bichos o Futuro da Cultura


20 nov

3 Meses para o Futuro_Ideias Trocadas_redux2

Ideias Trocadas: Novos Bichos, o Futuro da Cultura [3mf!#32]

A Blue House, em parceria com a Câmara Municipal de Coimbra, apresenta um conjunto de mesas-redondas, a decorrer no CAV – Centro de Artes Visuais e na Casa Municipal da Cultura.
O jornalista, produtor e criador multimedia Wagner Merije é um dos convidados.

20 DE NOVEMBRO DE 2020
CAV / Encontros de Fotografia

O futuro não se constrói sem alicerces seguros num passado com história. Inabalável verdade. Agarremos então num nome do passado, sempre obrigatório no presente e nos futuros que virão. Homem que fez de Coimbra, com “o diabo dentro dela”, a sua casa e nela “levitou”. Miguel Torga é transversal a toda a cultura, cidade e suas gerações; e também ele a precisar de se ver revivido, revisitado, reinterpretado, assim o cremos.
Porém, desenganem-se. Não é sobre ele que falaremos. Não se trata, também, de lhe fazer mais uma directa homenagem. Estamos só com Ideias Trocadas.
É sim um repensar através dele. É um mergulhar sem artifícios no seu pensamento tantas vezes mordaz dos seus “Diários” acutilantes. Para cada sessão, partiremos sempre de diferentes passagens (talvez importunas) para inquietar quem connosco se sentar, para indagar sobre o futuro da Lusa Atenas, sobre a sua evolução enquanto cidade cultural, sobre a cidade que queremos construir, que queremos sentir à flor da pele e que viva na nossa alma. É um ultimar à premente reflexão sobre a cidade, que é nossa, para uma sincera Capital Europeia da Cultura, de todos e para todos.
E tudo começa assim, com Torga:
Arte sincera, política sincera, amor sincero… E o que isto é, explicado por um dicionário! O sábio que disse que os músculos da laringe é que pensavam, disse bem. São eles, na verdade, que pensam e articulam as palavras. O pior é o que permanece inexprimível na alma de cada um.

CONVIDADOS:
Wagner Merije
Jornalista, escritor, editor, gestor cultural e criador multimedia, envolvido com projetos ligados à cultura, educação, meio ambiente e cidadania. Tem quatro álbuns editados com músicas próprias e um DVD. Fez a direção artística de álbuns, DVDs, especiais de TV e shows de artistas brasileiros. Com estes trabalhos ganhou dois Prêmios da Música Brasileira. Tem músicas em filmes, séries e coletâneas internacionais. Trabalha com artistas de vários países. Como jornalista, passou por TV, rádio, jornais, revistas e sites, no Brasil e na Inglaterra. Tem oito livros publicados de poesia, ficção e não-ficção, e dezenas de outros, como editor. Cursa o doutoramento na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

Cristina Faria
Doutora em Ensino e Psicologia da Música pela Universidade Nova de Lisboa, investigadora no CESEM (Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical) da Universidade Nova de Lisboa, no âmbito da Música e Desenvolvimento Humano, e docente da área científica de Música da Escola Superior de Educação de Coimbra (ESEC), desde 1989. Diretora Cultural do Instituto Politécnico de Coimbra, foi autora e directora musical em várias peças de Teatro. Durante 9 anos foi maestrina do coral sinfónico “Choral Aeminium”, com o qual cantou com várias orquestras portuguesas e estrangeiras e é Maestrina do Coro D. Pedro de Cristo, desde 2009.

Ricardo Dias
Iniciou-se na guitarra portuguesa em 1985, na Escola Municipal da Casa Museu Chiado, tendo como professores Jorge Gomes, Álvaro Aroso (TAUC) e José Paulo (Conservatório de Coimbra) e formação musical inicial com o Sr. Dr. Travassos Cortez, na Tuna Académica da Universidade de Coimbra. Pertenceu, enquanto estudante, à Secção de Fado da AAC, ao CITAC, à Estudantina Universitária de Coimbra e pertence actualmente ao grupo de fados do coro Alma de Coimbra. Foi professor e director das escolas da Secção de Fado da AAC e professor no organismo autónomo da TAUC. Fundou e pertenceu aos grupos Alma Mater, Quinteto de Coimbra, Trio de Coimbra e Coimbra Ensemble. Como compositor tem uma obra musical original extensa, com um conjunto considerável de obras de sua autoria e co-autoria, assim como inúmeras participações em vários trabalhos (discográficos e videográficos). É fundador, actual sócio e gerente do Centro Cultural-Casa de Fados “aCapella” e um dos seus guitarristas residentes. É professor da Escola da Guitarra, Viola e do Fado de Coimbra (Associação do Coro dos Antigos Orfeonistas da Universidade de Coimbra) e possuidor de um extenso currículo musical, pedagógico e obra publicada. Pertence actualmente aos projectos Ricardo Dias Ensemble, Animais e Na Cor do Avesso.

Rui Ferreira
Foi enfermeiro, entre 1991 e 2016, mas a música sempre ocupou um lugar especial na sua vida. Em 1993, entrou para a Rádio Universidade de Coimbra, foi Presidente da Administração durante três anos, Director de Programas e ainda hoje é o homem do leme do programa “Cover de Bruxelas”. É o homem por detrás da Lux Records/Subotnick Enterprises. Editou discos e foi manager de bandas como Belle Chase Hotel, Wraygunn, The Legendary Tigerman, Sean Riley And The Slowriders, D3O, Tiguana Bibles, Born A Lion e X-Wife, sendo por isso, figura marcante do rock em Coimbra. Em Fevereiro de 2017, fundou a loja de discos “Lucky Lux” em Coimbra. Melómano incorrigível, é um incansável coleccionador de discos.

MODERADORES:
Fausto da Silva
Nasceu para a rádio em 1982. Primeiro CER/AAC e depois RUC. Quando a rádio dos estudantes sintonizou a cidade de Coimbra, levou para o éter a música portuguesa. Baptizou o rebento de Canto Lusitano. Nos últimos 28 anos é um dos realizadores/locutores do Santos da Casa. Colaborou com alguns jornais, rádios e revistas. De destacar o jornal LP e a revista Ritual, só para citar alguns casos. Formou uma editora, com nome de estação de comboios, Coimbra B. Criou em Coimbra os Estúdios Agitarte, por onde passaram centenas de grupos de diversas sonoridades musicais. Correu o país a ver vedetas e bandas mais desconhecidas. Fotografou centenas de artistas. Já agenciou bandas. Tem tantos discos, cds e cassetes de grupos portugueses que é difícil saber onde param todos. Continua a acreditar que a música portuguesa tem futuro.

Sara Quaresma Capitão
Nasce em 1978, em Coimbra, cidade onde vive, actualmente. Em 2001, termina a licenciatura (pré-Bolonha) em Arquitectura, na Escola Universitária de Artes de Coimbra [ARCA|EUAC], curso acreditado pela Ordem dos Arquitectos. Exerce Arquitectura desde 2002 e Certificação Energética desde 2009, tendo ao longo do seu percurso profissional frequentado diversas pós-graduações na área de Reabilitação, Restauro e Conservação de edifícios, em Lisboa e Coimbra, bem como o curso Mestrado em Engenharia Civil e Arquitectura em “Reabilitação do Espaço Construído”, nos Departamentos de Engenharia Civil e de Arquitectura, da Faculdade de Ciências e Tecnologia [FCTUC], da Universidade de Coimbra. É colaboradora externa da Revista Mutante entre 2007-2011 e Editora residente desde 2011.

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Lugar do poema


28 set

Qual o lugar do POEMA?

Qual o LUGAR do poema, perguntaram?

Qual o lugar do poema, PERGUNTEI?

QUAL o lugar do poema, me digam!

Eu vim dizer que o lugar do poema é AQUI

De pé no CHÃO, sentado ou de pé

De peito aberto, LIVRE

Disponível, democrático

O lugar do poema

É no coração, na BOCA, na cabeça

na mão e na genitália

para ser comido, bebido, sentido e devorado

O lugar do poema

É na biblioteca, na livraria, no SARAU, na academia, no bar

na CASA da Ópera, na tapera do pobre

No aglomerado da favela, no beco, na VIELA

O lugar do poema

é na escola, na RUA, no trabalho

na penitenciária, dentro do ônibus

no meio do QG da corporação

no PLENÁRIO, no gabinete

O lugar do poema

é na SALA, na cozinha

no banheiro, no TERREIRO

na varanda e no jardim

O lugar do poema

é no JOGO de futebol

no octógono do MMA

na raia, na arena, na rinha

O lugar do poema

é no fio da navalha, na cinta-liga

na espada, no REVÓLVER, na bomba

e no campo minado

O lugar do poema

é no desfile de CARNAVAL, no bumbódromo,

na passeata e na MARCHA

O lugar do poema

é na beira do rio, na beira mar

na areia movediça e na lama

O LUGAR DO POEMA?

QUAL O LUGAR DO POEMA?

É onde possa tocar, é onde possa inquietar

é onde possa emocionar

O LUGAR DO POEMA é
ONDE POSSA TRANSFORMAR!

(Poema de 2014, Inédito de Wagner Merije)

www.merije.com.br

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FLII – Palavras de Fogo


15 set

 

3ª FLII_Palavras de fogo

 

A 3ª EDIÇÃO do Festival Literário Internacional do Interior – FLII Palavras de Fogo, em homenagem às vítimas dos incêndios florestais em Portugal, já tem sua programação definida.

Sob a égide do lema “A arte e a cultura como reanimadores de uma região e de um povo”. participam grandes nomes da literatura e do mundo do livro em nível mundial.

Trata-se de um evento intermunicipal, daí o seu caráter inovador, que decorrerá em 11 concelhos da região afetados pelos fogos, com o objetivo de levar os livros e os escritores aos sítios mais inusitados e imprevisíveis, como fábricas, campos, praias, igrejas, mercados, romarias, locais onde as pessoas trabalham e convivem.

Ou seja, os livros vão ao encontro dos públicos porque também eles têm saudades.

Esta edição é dedicada a Maria de Lourdes Pintasilgo e ao nonagésimo aniversário do seu nascimento, bem como a Fernando Namora e ao centenário do seu nascimento.

Com o tema transversal “Cuidar o Futuro”, e porque este é um festival de causas, pretende-se abordar questões candentes para o devir do mundo, desde logo a emergência ambiental.

Wagner Merije é um dos convidados e na ocasião apresentará os livros mais recentes, como Psyché e Hamlet vão para Hodiohill, O Cotovelo Kovid, Propostas novas para novos mundos, entre outros.

 

9 de Outubro, 6ª feira

15.00 – Biblioteca Municipal Miguel Torga – Arganil

«Ouviremos o protesto donde quer que venha, e no coro das aspirações dissonantes e por vezes antagónicas prestaremos atenção ao silêncio dos que na sociedade permanecem sem voz.

Maria de Lourdes Pintasilgo

Painel – Rita Martins, Wagner Menije

Moderadora – Ana Filomena Amaral

 

18.00 – Loja do Sr. Falcão – Miranda do Corvo

“De cada vez que um leitor recebe a mensagem , a obra , na sua polivalência , é recriada de um modo e num sentido diferente.”

Fernando Namora

Painel: Maurício Vieira, Wagner Merije, Casimiro Simões, Gisela Casimiro

Moderador – Leonardo Simões

 

21h30 – Museu da Presidência – Casa Pimentel – Castanheira de Pera

A luta que travamos é contra o tempo  empurrá-lo, como diz o poeta, ao encon- tro das cidades futuras…”

Painel  Wagner Merije, Rita Martins, Paula Breia

Moderador  Vasco Correia

 

 

10 de outubro – Biblioteca Municipal – Figueiró dos Vinhos

“Os meus livros representam quase um itinerário de geografia humana, por mim percorrido; as andanças do homem explicam as do escritor”

Fernando Namora

15:00 – Maria Graça Melo, Mabel Cavalcanti, Wagner Merije

Moderador – Deolinda Campos

 

 

 

 FLII_Palavras de fogo_Arganil

 

 

Confira a programação completa aqui: 3ª FLII-Palavras de Fogo_Miolo_Livro_Festival_ (1)

 

Acompanhe também as atividades associadas ao evento nos websites a seguir:

www.arte-via.org

www.litfestwordsoffire.com

www.literaryfestivals.eu

www.festivaisdalusofonia.com

www.palavrasdefogo.pt

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O ser humano é um selvagem fugindo da educação


29 jun

Eles param um preto na beira da estrada na boca da noite, altas horas Eles cercam o preto que voltava para a casa E derrubam o preto na terra seca O preto é pacífico e não reage Foi pego de surpresa O preto cai de cara no chão duro Enquanto os três homens riem Um quarto homem acelera o carro e joga fumaça preta na cara do preto para delírio dos quatro homens que riem, riem muito Eles filmam a fumaça espessa atirada na cara do preto que ainda mais preto, atordoado e intoxicado parece completamente perdido Eles filmam tudo cada um com seu iphone novo e riem, riem, riem enquanto atacam o preto da estrada Será que estão bêbados? Será que são brancos? Será que são ricos? Me pergunto enquanto chutam o preto O que sei é que são infames! E cospem no preto E filmam tudo E compartilham nas redes sociais rindo, rindo muito Urinam na cara intoxicada do preto Cospem no preto Batem no preto E ainda dizem: Seu preto! Quem eles pensam que são? Quem lhes deu esse direito? O que eles têm na cabeça? Por que se comportam assim? Ainda dizem que não há racismo. Ah, isso é só brincadeira de menino O diabo tentou E eles caíram. Mentira! Mentira! O preto estava no caminho De homens maus e sem caráter. Assassinos! Covardes! Covardes! Quatro contra um indefeso Desamparado e sozinho Assaltado no meio do caminho Eles se acham superiores Eles têm sangue nas mãos Eles não se importam Eles têm advogados bons E dizem que não há racismo E riem, riem, riem Sabendo que farão de novo E seguirão impunes Tem sido assim há tantos séculos Tem sido assim com negros, indígenas, refugiados, mulheres Tem sido assim e o mundo é cego Me revolto, me debato Mas não sou o preto não Sou apenas um indignado em um mundo em que o ser humano é um “selvagem” fugindo da educação

29/06/2020, Coimbra, no Portugal que escravizou pretos, a partir de um vídeo visto no facebook, e depois de George Floyd e tantos outros trucidados pelas estradas escuras da vida bandida, no Brasil, na África e por aí afora De Wagner Merije (em construção)

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A dança dos vivos


27 abr

Posso te ajudar?
Publiquei esta pergunta hoje no facebook de coração e cabeça aberta. Uma experiência.
Alguém respondeu: Pode, declame um poema.
Logo várias ideias vieram e nasceu este poema, a queima roupa, e o vídeo veio como uma brincadeira para ilustrar, para aliviar estes tempos loucos de Covid 19.
Tudo muito simples, muito leve, apenas para arejar as mentes.
Pois bem, fiz com o coração, para todos vocês.
Conversem comigo. A gente cresce juntos. Deixe seu comentário. Se inscreva no canal do youtube. Partilhe.
Axé!

 

A DANÇA DOS VIVOS

 

Não há horizonte cego

Há sempre um lugar para chegar

Tirar os pesos dos ombros

Sentir o sangue circular

 

O sol já se levantou

É hora de acordar

Se até os mortos dançam

Eu também quero dançar

 

Belo é o desejo

Mais forte o sonhar

Abraçar alma e corpo

Saber se amar

 

Pernas para que te quero

Pés para flutuar

Se até os mortos dançam

Sinal de que a gente deve dançar

 

Nuvens cinzas

Encher o pulmão de ar

Sentir o toque fino

Da vida que ainda há

 

Abrir as portas do coração

Ver a brisa entrar

Se até os mortos dançam

Por que você não vai dançar

 

É uma roda, é uma ciranda

Um baile a preparar

Velhos, adultos, crianças

Cada um escolhe um par

 

Já choramos muito

Um dia novo acaba de chegar

Se até os mortos dançam

Nós também vamos dançar

 

 

Um poema de Wagner Merije

Coimbra, 27/04/2020 – Vai ficar tudo bem!

Livre improviso sobre imagens de minha cidade em “I Charleston Belo Horizonte”

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Nos salva


26 mar

Nos salva, poema visual de Wagner Merije

 

 

 

Nos salva, poema visual de Wagner Merije

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70 x Caio Fernando Abreu com poemas de Wagner Merije


25 set

70xCaio_Editora Patuá

Olha que coisa linda: a poesia de Wagner Merije está nesta bela obra em que setenta poetas homenageiam Caio Fernando Abreu.

A coletânea 70 x Caio, lançada pela Editora Patuá, é uma iniciativa do Davi Kinski e, inicialmente, tinha o objetivo de homenagear os 70 no nascimento do escritor, falecido em 1996.

Mas o tempo passou e esse livro, que celebra a diversidade — de vozes, mas sobretudo da vida — chega no momento certo. São vozes que evocam a poesia para falar de amor, liberdade, verdade e vida.

Lista dos autores que se encontram nessas páginas:
Wagner Merije | Marcos Lemes | Bruno Bossolan | Marcelo Ariel |Luis Guilherme Libório | Adriane Figueira | Beth Brait Alvim | Aires Mourinho | Marcos Fábio de Faria | Léo Ottesen | Nay Harrison de Lucena | Rita Maria Kalinovski | Lívia Aguiar | Davi Kinski | Emuah, Paula Valéria Andrade | Roger Willian | Michelle C Bus | Laura Castro | Camila Morgana Lourenço | Marcio Markendorf | Rosana Mercia Valentim | Daniel Valente | Gabriel Felipe Jacomel | Rodrigo Novaes de Almeida | Maya Falks | Juliana Maffeis | Jana Lauxen | Pierre Rinco | Simone Henrique | Viviane Castelleoni | Daniel Perroni Ratto | Adriana Caló |Greta Benitez | Pedro Tostes | Rosana Piccolo | Alessandro Sbampato | Rosana Banharoli | Juliano Caravela | Jr Bellé | Raul Almeida | Carolina Montone | Marina Moura Barreto | Sergia A. | Cesar R. Pontual(Bruno César Martins Rodrigues) | Cássio Junqueira | Jayme Serva | Rosana Barroso Miranda | Alice Yumi Sakai | Maria Vânia Bandeira de Matos | Cleyton Cabral | Franck Santos | Gilmar Junior | Teofilo Tostes Daniel | Vanessa Molnar | Jorge da Matta | Bruno Borin Boccia | Bruno Candéas | Ozeias Alves | Daniel Viana | Paulo César de Carvalho | Luiza Cunha | Clóvis Struchel.

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Festival Literário de Ovar 2019 com Wagner Merije


11 set

FLO_Cartaz
O poeta, escritor e editor Wagner Merije, é convidado do Festival Literário de Ovar 2019, que ocorre na cidade litorânea portuguesa.
Esta é a quinta edição do evento.
No dia 15/09/2019, pelas 15h, Wagner Merije estará ao lado dos escritores Pedro Guilherme-Moreira, Pedro Teixeira Neves e Manuella Bezerra de Melo, para uma conversa com o público sobre poesia, prosa, literatura, edições em Portugal e no Brasil, sobre vida na literatura e vida na academia – a pauta é boa
A programação, que você pode conferir a seguir, está repleta de prestigiadas escritoras e escritores.

FLO19_Ovar_programação

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Programa Retratos com Chico César


03 set

Entre 2001 e 2003 o jornalista Wagner Merije trabalhou na TV Horizonte em dois programas: Clipshow e Retratos.

O primeiro era um programa diário de música com clipes, entrevistas, notícias e shows ao vivo, em que Merije cuidava do roteiro, direção e fazia-se  de apresentador ocasional.

O segundo, um programa de entrevistas ao vivo, foi uma grande escola de conhecimentos gerais, culturais e humanos, em que Wagner Merije teve a oportunidade entrevistar inúmeras personalidades brasileiras e internacionais do mundo das artes.

Confira um desses programas com o fantástico cantor, compositor e escritor Chico César.

Era um canal de televisão novo, com poucos recursos, com muita gente nova aprendendo junto. Faltava um diretor para o programa, um bom iluminador, a maquiagem era carregada, mas a conversa fluía fácil.

Direto do túnel do tempo. Tempo rei, ó tempo rei!

Programa RETRATOS com o cantor, compositor e poeta Chico César.
Um delicioso bate-papo sobre arte e vida, música e Brasil.
Roteiro e Apresentação: Wagner Merije
TV Horizonte – 01/11/2002

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Aniversário


14 ago

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.

Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino.
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui…
A que distância!…
(Nem o acho…)
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!

O que eu sou hoje é como a humidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes…
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio…

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos…
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim…
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!

Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui. . .
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado —,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos. . .

Pára, meu coração! Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!. . .

O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!. . .

 

 

Álvaro de Campos, 15-10-1929. 1ª publ. in Presença, nº 27. Coimbra: Jun.-Jul. 1930.

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