Eu quero um presente, um presente não no singular
não objeto de consumo
mas um presente no plural
para todo mundo
Um presente saudável, não um futuro imundo
não um futuro que eu não sei
se vou estar aqui para ver e viver

Eu quero um presente sem polícia ou com armas de menos
sem egoísmo ou idolatria, sem acúmulo ou desperdício
eu quero encontrar a verdade difícil de encontrar
porque mais do que promessas o que precisamos
é de verdades que movam nossos maiores medos
e sentimentos

Eu quero que me ouçam, que ouçam a todos
e parem de decidir os rumos do planeta entre portas fechadas
Eu quero poder influenciar os (bons) rumos da nação
ver minha filha crescer forte e alegre
ver as riquezas serem repartidas
e os mendigos e as crianças saírem debaixo das pontes
esse dia será de grande satisfação

Eu quero um presente que não venha do trabalho escravo de um chinês
de um indonésio, de um boliviano ou de um brasileiro
Um presente que não tenha dor, mágoa, stress, trevas
um presente no tempo que a vida seja o bem verdadeiro
um bom lugar, uma boa conversa, um bom caminho na selva

Bem melhor seria que a imprensa cumprisse o seu papel
e colaborasse para a evolução de todos
Mercantilistas reservam aos pobres um lugar nas senzalas
e aos ricos um lugar na mesa farta do paraíso dos pastores televisivos.
mas o jogo está mudando e vem gente correndo atrás do prejuízo

Um presente que venha com tempo presente
para mim e para você independentemente de quem somos
de onde viemos e para onde vamos
um presente sem peso, sem limite, sem veneno
um presente simples e sereno

Por isso, se for me dar um presente
me dê um presente de presente

(Em elaboração, de Wagner Merije)